Todas as regiões devem ter baixa umidade nesta terça e Brasil entra no nível “perigoso” de poluição com aumento de incêndios

Tempo seco contribui para a má qualidade do ar, concentrando poluentes nas camadas mais baixas da atmosfera

A pior seca da história do país, com uma sequência de semanas sem chuva, faz com que todas as regiões brasileiras possam ter baixos níveis de umidade do ar nesta terça-feira (10).

onda de calor que atua sobre o país agrava a situação. O sistema impede que as frentes frias – e, consequentemente, a chuva volumosa – avancem para o interior do Brasil. Isso mantém o tempo extremamente seco.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),Centro-Oeste é a região com pior situação prevista: todos os estados da faixa central devem ter baixa umidade. 

Nas demais regiões, os seguintes estados devem ter umidade relativa do ar variando entre 30% e 20%:

  • Sul: norte do Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e Paraná;
  • Sudeste: São Paulo e Minas Gerais;
  • Nordeste: oeste da Bahia, de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte, sul do Ceará, Piauí e Maranhão;
  • Norte: sul do Pará, do Amazonas e do Acre e Rondônia.
Região em amarelo no mapa deve ter umidade entre 30% e 20% nesta terça (10). Fonte, Inmet.

Além da baixa umidade, o tempo seco contribui também para a má qualidade do ar, com os poluentes se concentrando nas camadas mais baixas da atmosfera.

A elevação contínua dos focos de incêndio no Brasil tem refletido diretamente na qualidade do ar das regiões mais atingidas. Nos últimos dias, algumas cidades do país chegaram ao nível máximo de poluição, considerado “perigoso” para a saúde humana.

Conforme a classificação internacional e também utilizada pela plataforma suíça IQAir, conhecida por fazer a medição em tempo real do nível de poluentes no mundo, quando a concentração ultrapassa os 300 µg/m3 (microgramas por metro cúbico), atinge-se o nível de risco máximo.

Entre 7h e 8h de ontem, segunda-feira (9), o índice chegou a 341 em Porto Velho (RO). De acordo com o parâmetro da plataforma, o nível de poluição atmosférica considerado bom e sem riscos para a saúde é de, no máximo, 50 µg/m3.

A capital de Rondônia, assim como outras cidades do estado, vive um cenário crítico de concentração de fumaça, em decorrência das queimadas. Na Avenida Calama, uma das principais de Porto Velho, o nível de poluição chegou a 523, entre 4h e 5h de domingo (8).

No outro extremo do país, em Porto Alegre, o céu ficou encoberto de fumaça.

Fumaça muda a cor do céu em Porto Alegre no dia 9 de setembro de 2024

A última semana, entre 2 e 8 de setembro, registrou o maior número de focos de incêndio do ano no Brasil. Se a situação já havia sido crítica no fim de agosto, quando diversas cidades do país ficaram sob fumaça, a piora demonstrou-se algo totalmente possível no início deste mês.

De acordo com os dados do monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a primeira semana de setembro terminou com 49.187 focos de incêndio registrados. Esse número é 24,2% maior que o total da semana anterior – 39.590, entre 26 de agosto e 1º de setembro.

Em 2024, até a tarde dessa segunda-feira, já foram identificados 159.417 focos de incêndio no Brasil. Só no Pantanal do Mato Grosso do Sul, já são quase 2 milhões de hectares consumidos pelo fogo. Na Chapada dos Veadeiros, o impacto ultrapassa os 10 mil hectares.

As chamas se espalharam pelo país de tal forma que as consequências são perceptíveis em diferentes regiões. A mancha de fumaça e poluição já atinge cerca de 60% do território nacional.

Fora o quadro “perigoso” de Rondônia e Acre, o Brasil possui vários locais com qualidade do ar em níveis menores, mas considerados “insalubres” e “muito insalubres”, com índices de poluição entre 150 e 300, e que também geram problemas de saúde.

Esse é o caso, por exemplo, da cidade de São Paulo, cujo índice de poluição oscilou por volta de 160 nessa segunda-feira. Em alguns momento do dia, a capital paulista liderou o ranking das mais poluídas do mundo, entre as maiores cidades do planeta, segundo o IQAir.

Quando volta a chover no Brasil?

O bloqueio atmosférico, que tem feito com que as temperaturas se mantenham altas em todo o país e o tempo siga seco, é considerado forte e ainda deve demorar para ser quebrado.

Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo, disse que ainda não há expectativa para que a chuva volte a ficar regular no país a curto prazo.

“Nós só vamos começar a pensar nessas pancadas de chuva caindo quase todas as tardes a partir da segunda quinzena de outubro”, prevê.

Até lá, as chuvas devem se concentrar em pontos isolados da costa leste do Nordeste, no sul do Nordeste, partes do litoral do Sudeste e extremo Norte.

Segundo a meteorologista, somente uma chuva volumosa é capaz de dissipar a poluição e a fumaça que que já está afetando a saúde dos brasileiros.

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