Nobel de Física vai para descobertas em mecânica quântica

Pesquisadores foram premiados “pela descoberta do efeito de túnel quântico macroscópico e da quantização de energia em um circuito elétrico”

O Prêmio Nobel de Física de 2025 foi concedido nesta terça-feira (7) ao britânico John Clarke, ao francês Michel H. Devoret e ao norte-americano John M. Martinis.

A Academia Real das Ciências da Suécia anunciou o trio como vencedor pela descoberta dos efeitos do tunelamento quântico macroscópico e da quantização de energia em circuitos elétricos supercondutores.

A premiação total é de 11 milhões de coroas suecas, dividida igualmente entre os três laureados (aproximadamente R$ 6,2 milhões).

Os experimentos determinantes realizados pelo grupo ocorreram entre a década de 1980 e o início dos anos 2000. John Clarke, atualmente professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, dedicou-se ao desenvolvimento de dispositivos SQUIDs e ao estudo do ruído quântico em circuitos supercondutores, essenciais para leituras de qubits e experimentos em computação quântica. Michel Devoret, professor emérito de Yale (EUA) e também ligado à Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, aprofundou estudos em fenômenos de “quantrônica”, mostrando como sistemas compostos por bilhões de partículas podem exibir efeitos puramente quânticos. John M. Martinis, da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, concentrou-se no desenvolvimento de circuitos supercondutores com baixíssimo nível de ruído e alta sensibilidade, fundamentais para os avanços recentes da computação quântica.

O ponto central das descobertas premiadas foi demonstrar que o chamado tunelamento quântico — fenômeno no qual partículas atravessam barreiras de energia aparentemente intransponíveis — pode ocorrer em sistemas com dimensões macroscópicas, ou seja, grandes o suficiente para serem manipulados fora do universo subatômico. Além disso, ficou comprovado que tais sistemas supercondutores podem absorver e emitir energia em unidades quantizadas, como previsto para elétrons em átomos, consolidando a ponte entre a mecânica quântica e tecnologias de escala humana.

O prêmio destacou o papel da física fundamental no desenvolvimento da tecnologia quântica moderna, incluindo bases para a computação quântica e sensores ultra-avançados.

Esta foi a 119ª edição do Nobel de Física, totalizando 227 cientistas laureados desde 1901, sendo o prêmio de 2025 lembrado por consolidar a “fronteira do invisível com o tangível” — expressão usada no anúncio oficial para marcar a relevância das descobertas em sistemas materiais macroscópicos.

Os resultados multiplicam aplicações para comunicação segura, novos métodos de sensoriamento magnético e o avanço de computadores quânticos. E, em palavras de John Clarke, “nossa descoberta é a base de toda a computação quântica — todo celular ou computador moderno tem suas origens nessas ideias”.


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