A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quinta‑feira (4), duas operações simultâneas para barrar a expansão do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Brasília e no Entorno.
As investigações miram núcleos responsáveis por recrutar integrantes, financiar o tráfico de drogas e ordenar crimes a partir de presídios do DF e de Goiás.
Os relatórios da investigação apontam que a organização criminosa, apesar de ser única, se divide em várias “células”, cada uma com autonomia e estrutura própria, com a finalidade de impulsionar controle sobre a massa carcerária, monopólio da violência nas prisões e expansão de atividades criminosas dentro e fora das prisões.

Operações Concórdia II e Occasus
As ações foram batizadas de Operação Concórdia II e Operação Occasus, ambas coordenadas pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco/Decor) em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do DF.
Ao todo, foram expedidos 25 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, cumpridos a partir das 6h em Samambaia, Ceilândia, Santa Maria, Planaltina, Recanto das Emas, Núcleo Bandeirante e outras regiões administrativas, além de endereços em Valparaíso (GO) e unidades prisionais do DF.
Alvos e modo de atuação do PCC
Segundo a PCDF, os alvos integram células da facção paulista encarregadas de expandir o domínio do PCC sobre bocas de fumo e roubos no Distrito Federal, cobrando “pedágios” de grupos locais e enviando parte dos lucros para lideranças encarceradas.
As investigações apontam que os suspeitos atuavam sob a lógica de “sintonia” da facção, repassando ordens de dentro da cadeia, controlando contabilidade paralela e impondo regras a criminosos da região para consolidar o comando sobre o mercado ilegal.
Mandados, presos e estrutura da ofensiva
Nas duas operações combinadas, a PCDF mobilizou mais de 100 agentes para cumprir os 50 mandados judiciais, inclusive em celas de detentos já identificados como integrantes do PCC.
Parte dos mandados de prisão é contra investigados que já estavam no sistema prisional e passarão a responder por novos crimes ligados à organização, enquanto outro grupo foi preso em casa, em endereços onde também foram apreendidas drogas, celulares e documentos que reforçam o vínculo com a facção.
Ligação com ações nacionais
As operações Concórdia II e Occasus integram a terceira edição da Operação Renorcrim, força‑tarefa nacional coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública e pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência, voltada ao enfrentamento de facções em diversos estados.
No DF, a ofensiva desta quinta‑feira se soma a outras ações recentes contra o PCC, que já haviam resultado na captura de 11 integrantes de uma facção local aliada e no bloqueio de bens usados para financiar atividades criminosas.
Objetivo declarado da PCDF
De acordo com a Draco, o objetivo central é quebrar a cadeia de comando da facção na capital federal, impedindo que o PCC use Brasília como plataforma para ampliar sua influência sobre o Centro‑Oeste.
O material apreendido será analisado para mapear novos integrantes, localizar eventuais chefes ainda em liberdade e subsidiar novas denúncias do Ministério Público por organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outros delitos ligados à atuação do grupo.



