Zanin nem assumiu STF, mas quer condenação de jornalista que o criticou

Principal candidato de Lula à vaga de Lewandowski no STF, advogado foi até última instância para punir crítico que apontou trapalhadas em processo da família de Lula

O advogado do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, que deve ser o indicado para assumir a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, recorreu até o Supremo para pedir a condenação do jornalista Rudolfo Lago que o chamou de “trapalhão”.

O site Metrópoles lembrou o ocorrido nesta quinta-feira (6), dia que Lula publicou no Diário Oficial da União a autorização para aposentadoria de Lewandowski.

O artigo crítico a Zanin foi publicado em outubro de 2018 na revista Istoé. “Cristiano Zanin, o advogado de Lula, se supera a cada dia em suas trapalhadas”, dizia o texto, em referência a um erro grosseiro no inventário de Marisa Letícia.

Com o título “Trapalhão”, o texto também qualifica como “asneira” um erro de cálculo de Zanin no processo.

Zanin entrou então com uma queixa-crime contra Rudolfo Lago, autor do texto, o acusando de difamação e injúria. Segundo ele, houve um ataque à sua honra e imagem. Na Justiça estadual de São Paulo, porém, o advogado não teve sucesso no pedido, que não foi acolhido em nenhuma instância.

Em 22 de agosto de 2022 — quase quatro anos após o artigo — Zanin entrou com uma reclamação no STF pedindo que as decisões dadas pela Justiça no caso fossem cassadas, para haver um novo julgamento.

O caso foi distribuído ao ministro Kássio Nunes Marques, que ainda não apresentou seu relatório.

Rudolfo Lago escreveu na matéria da Istoé,  que naquela oportunidade, Zanin quase provocou o indiciamento de seu cliente Lula por enriquecimento ilícito. “É que no inventário de dona Marisa Letícia, mulher de Lula, falecida em fevereiro de 2017, Zanin incluiu na partilha de bens um investimento que ela tinha no Fundo Imobiliário do Banco do Brasil. No processo de número 1010986-60.2017.826.0564, o advogado do petista escreveu que ela possuía nesse fundo 500 mil quotas, para serem distribuídas na seguinte proporção: 250 mil quotas para Lula e as outras 250 mil para os quatro filhos, Marcos Cláudio, Fábio Luis, Sandro Luis e Luis Cláudio. Se assim fosse, a ex-primeira-dama teria deixado uma herança milionária, em torno de R$ 80 milhões, para a família”.

Rudolfo Lago explicou o erro grosseiro do agora candidato de Lula ao STF:

Segundo a B-3 (a antiga Bovespa), cada quota vale R$ 136,70. Multiplicando esse valor por 500 mil quotas, Marisa teria a bagatela de R$ 67,4 milhões, que somados a outros bens que ela deixou — imóveis, veiculos e dois títulos de previdência que somam R$ 8 milhões — somariam os quase R$ 80 milhões. Ocorre, porém, que Zanin cometeu um gigantesco erro.

Confusão

Com base no documento da B-3, Zanin confundiu vírgulas com pontos. A B-3 falava que dona Marisa tinha 500,000 quotas. Zanin trocou a vírgula por um ponto e transformou 500 em 500 mil. Dias depois, se deu conta da asneira e corrigiu o número. Marisa tinha nesse fundo R$ 680 mil. A fortuna deixada por Marisa foi de R$ 12,8 milhões e não R$ 80 milhões”, detalhou o jornalista em seu texto.

O BSB Revista repudia a iniciativa de censura ao jornalista e a matéria jornalística, assim como a qualquer tipo de censura.

Censura nunca mais
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