Também foi encontrado um crachá com validade prevista até 31 de dezembro de 2026
A Polícia Federal encontrou no telefone da namorada de Felipe Martins, Anelise Hauagge, uma “carta aberta” com pedido à um “poder moderador neutro para investigar e reestabelecer a credibilidade da Democracia Brasileira“
Felipe Martins era assessor do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
A namorada do assessor de Bolsonaro, Anelise Hauagge trabalhou em um cargo comissionado no Ministério das Comunicações entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023, e não é investigada, mas estava no endereço alvo de buscas e teve o aparelho submetido a uma “análise preliminar”, segundo o relatório da Operação Tempus Veritatis.
Os agentes da PF também encontraram um crachá em nome de Filipe Martins, lotado como assessor da Presidência até 31 de dezembro de 2026. Os agentes acreditam que o crachá foi elaborado com a ideia de que Bolsonaro teria um segundo mandato.
Martins é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela PF por atuação no “núcleo jurídico” que elaborou minutas para dar ares de legalidade a um golpe de Estado. Ele está preso preventivamente em razão de “fortes indícios” de que teria fugido do Brasil no final de 2022.
A “carta aberta” encontrada pela PF, com espaço para preencher o nome, RG, local e assinatura de quem o assinasse seria, segundo a PF, mais um instrumento de pressão sobre as Forças Armadas, para que elas garantissem a permanência de Bolsonaro no poder.
Os então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da FAB, Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmaram em depoimento o relato do ex-ajudante de ordens da Presidência e atual colaborador, Mauro Cid, de que negaram qualquer possibilidade de intervenção militar no caso.
Leia a íntegra da carta:
“Declaração aberta de insegurança e dúvida sobre o processo eleitoral Brasileiro
Eu, __, brasileiro (a), portador do RG , venho por meio desta carta aberta expor minha insegurança e dúvida em relação ao processo Democrático da última eleição presidencial.
Essa insegurança se origina justamente de todo o histórico comprovadamente desequilibrado do processo eleitoral. Reforço a manobra jurídica que permitiu que um condenado por vários juízes, com base em provas reais, que deveria ser inelegível pela Lei da Ficha Limpa e inclusive de devolução de bilhões aos cofres públicos, fosse candidato ao cargo de Presidente da República. Somente este fato já justificaria uma ação. A reputação da nossa Pátria está em jogo.
Destaco a forma como defenderam a urna eletrônica como segura e inviolável, não permitindo a discussão sobre a necessidade de um mecanismo de auditoria física, como acontece nas maiores democracias do mundo e que atenderia à exigência constitucional de que a contagem do voto, como ato administrativo, observe o princípio da publicidade.
Sem falar na Censura estabelecida apenas a veículos, empresários e influenciadores de um dos lados do pleito, resultado em total desequilíbrio e falta de isonomia, pois claramente o que não valia pra um lado valia para o outro.
A maneira como foi conduzido o processo das campanhas gratuitas de rádio e TV, com evidente desequilíbrio nos julgamentos de direito de resposta, com permissão de fake news favoráveis a uma das candidaturas e com desequilíbrio no tempo utilizado nas rádios, sempre em benefício do mesmo candidato.
A indignação sobre a apuração das urnas, com centenas de casos matematicamente improváveis, com comportamento absurdamente fora da realidade racional e indicação tecnicamente crível de atividade algorítmica em determinados modelos de urnas.
Tudo isso me faz pacificamente, implorando ajuda de um poder moderador neutro para investigar e reestabelecer a credibilidade da Democracia Brasileira. Exerço aqui o dever de cidadão e peço ajuda às Forças Armadas, para que tragam credibilidade e isenção a investigação do processo eleitoral.
Se essa dúvida persistir não existirá ambiente de unificação no país.
Local _ 05 de Novembro de 2022
Assinatura.”
[…] Filipe Martins estava preso desde 8 de fevereiro, dia em que a Polícia Federal deflagrou uma operação, nomeada de “Tempus Veritatis” (hora da verdade, em latim), para investigar a suposta tentativa de golpe de estado articulada por apoiadores de Bolsonaro. Ele ficou preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná. […]