Dilma engavetou estudo da UFC que previu cheias no RS e propôs respostas ao caos

Informação volta à tona depois que ministra do Meio Ambiente de Lula tentou por culpa da tragédia gaúcha em Bolsonaro e Lulinha 2 no governador Ricardo Leite

Depois que a ministra do Meio Ambiente e do Clima, Marina Silva, (PT) culpou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul, a informação sobre a omissão da ex- presidente Dilma Roussef (PT), sobre estudo “Brasil 2040” que indicava a tragédia que está acontecendo no Rio Grande do Sul, voltou a circular.

Em entrevista concedida à CNN Brasil na sexta-feira (3), a ministra do governo do presidente Luís Inácio Lula ds Silva ( PT), disse que o Brasil viveu um “apagão” de políticas climáticas durante a gestão de Bolsonaro.

O empresário Luís Cláudio Lula da Silva, o Lulinha 2, filho de Lula, também disparou fake news sobre a tragédia e culpou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), pelo desastre causado pelas chuvas no Estado.

Mas o fato é que as graves consequências humanas, sociais e econômicas das enchentes que atingem o estado no extremo sul do Brasil foram previstas em um estudo encomendado pelo Governo Federal em 2015.

Dois pesquisadores da UFC foram responsáveis pelo capítulo que se relaciona diretamente com o caso.

Há cerca de dez anos, com o relatório nas mãos, Dilma Roussef, decidiu simplesmente engavetá-lo. Os dirigentes que haviam contratado o estudo foram demitidos.

Por qual motivo Dilma Roussef engavetou estudo que previa tragédia no Rio Grande do Sul?

A hidrelétrica de Belo Monte estava em pleno andamento. Foi aí que a previsão do estudo de possíveis estiagens na região norte do Brasil provocou repulsa do Governo. Lula que tinha grande influência sobre Dilma, sabia que, além do aumento do volume de chuvas no Sul do país, o estudo apontava que a Belo Monte poderia ter sua capacidade de produção de energia reduzida em 50% com a projeção da seca. Lula trabalho com afinco pata construir Belo Mónte.

Depois que as conclusões do estudo foram apresentadas ao Governo Federal, Rousseff fez uma reforma ministerial e trocou Marcelo Neri por Roberto Mangabeira Unger. A equipe da Secretaria de Assuntos Estratégicos foi inteiramente substituída, inclusive os responsáveis pelo estudo, Sérgio Margulis e Natalie Unterstell. O projeto “Brasil 2040” foi encerrado e as informações deixaram de ser públicas.

O estudo consta em um site antigo (substituído, mas ainda ativo) do Ministério do Meio Ambiente no qual foi possível visualizar o estudo “Brasil 2040”.

Porém, vale ressaltar que em outubro de 2015, um mês antes da Conferência de Paris, o governo resolveu lançar o estudo sem alarde, torto e incompleto.

O sumário executivo foi feito pela equipe que cancelou o programa. Uma reportagem da época mostrou que o Brasil 2040 foi considerado alarmista pela própria Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.

Reconhecidas autoridades em recursos hídricos e questões climáticas, os engenheiros e professores da UFC, Eduardo Sávio Martins e Francisco de Assis de Souza Filho, assinaram a certeira observação no estudo Brasil 2040: “O impacto das mudanças climáticas sobre as vazões indica uma tendência de aumento na região Sul do país… Especificamente, há possibilidades de aumento de frequência dos eventos de cheia e inundações na região Sul”.

Os pesquisadores Eduardo Sávio e Assis Souza não ficaram apenas no diagnóstico do problema. Elencaram medidas institucionais e operacionais integradas e apontaram que ações isoladas seriam ineficazes diante dos desafios. Eles foram além sugerindo ações preventivas e de mitigação, no âmbito de uma lógica proativa, com vistas à redução das vulnerabilidades dos sistemas e das populações.

As medidas a serem tomadas não podem ter um cunho reativo, ou seja, um planejamento de curto prazo apenas para administrar as “urgências”. Deve-se romper com a inércia e as medidas devem sinalizar ações de gestão da oferta e da demanda, fiscalização de usos e participação dos agentes sociais que possuem usos conflitantes, frente a uma realidade marcada pela incerteza e complexidade“, detalharam no estudo.

Além da menção para os problemas hoje verificados de forma trágica no Rio Grande do Sul, o trabalho dos pesquisadores da UFC alerta para o aprofundamento das secas, com consequentes problemas nos recursos hídricos, que tendem a afetar o Nordeste e o Norte amazônico.

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