Polícia investiga padres e diácono militares suspeitos de corrupção no DF, com desvio até para pagar favores sexuais

PCDF investiga conduta de dois padres e um diácono do ordenamento militar que teriam desviado dinheiro de doações de fiéis

Polícia Civil do Distrito Federal investiga dois padres e um diácono militares, por um suposto esquema de corrupção na estrutura da Igreja Católica no âmbito das Forças Armadas. 

Os investigados são os religiosos militares, diácono Paulo Fontenele Figueira, do Exército; o padre Marcelo José de Sousa, também do Exército; e o padre Paulo Roberto Moliterno da Costa, integrante da Marinha do Brasil.

Diácono Paulo Fontenele nega as acusações

Paulo Fontenele Figueira é diácono permanente e já está na reserva. Ele faz parte do Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO), formado por militares chegaram ao oficialato após uma carreira como sargentos e subtenentes.

Padre Marcelo José de Sousa

Marcelo José de Sousa é chefe do Serviço de Assistência Religiosa do Exército (SAREx) e, também, atual chefe da Capelania Militar São Miguel Arcanjo e Santo Expedito. Ele entrou como aspirante em 1998, mesmo ano no qual foi promovido para segundo tenente. O militar se tornou tenente-coronel em 2017. Ele já foi capelão da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), da 15° Brigada de Infantaria Mecanizada, do Comando Militar do Planalto (CMP) e do Comando Militar do Leste (CML).

Padre Paulo Roberto nega acusações

Paulo Roberto Moliterno da Costa é capitão de corveta da Marinha e assessorou o Arcebispo Ordinário Militar.

O inquérito foi instaurado após denúncia anônima enviada ao Ministério Público.

A investigação contra os padres e o diácono é conduzida pela 2ª Delegacia de Polícia do DF.

A investigação foi enviada ao Ministério Público Militar e encaminhada ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) em 2022. Depois, foi à Corregedoria-Geral de Polícia Civil do Distrito Federal e, posteriormente, transformado em inquérito policial.

O suposto esquema envolveria desvio de dinheiro arrecadado por meio de doações de fiéis.

Os acusados receberiam propinas na contratação de empresas terceirizadas e no superfaturamento na Capelania Militar São Miguel Arcanjo e Santo Expedito, na entrequadra 303/304 na Asa Norte, em Brasília.

“Parte desse dinheiro é dividido entre os religiosos (padres), sendo utilizado até para fazer programas sexuais com garotos contratados, realizados dentro do carro nas proximidades da igreja”, diz trecho do documento que deu origem à apuração da polícia.

“O dinheiro arrecadado é depositado em contas de terceiros e parentes de primeiro grau, como irmã, esposa e sobrinho, e uma quantidade é mantida oculta em espécie. Obras inexistentes são feitas, outras superfaturadas, com o recebimento de propina por empresas terceirizadas”, diz outro trecho da denúncia.

A atuação da Igreja Católica nas Forças Armadas é regulada pelo Ordinariado Militar. Trata-se de um um acordo diplomático celebrado em outubro de 1989 entre o Brasil e a Santa Sé. A Ordem organiza e coordena os serviços de todas as capelanias militares católicas do país, além de prestar assessoria ao Ministério da Defesa nos assuntos relativos à assistência religiosa dentro das Forças Armadas e Auxiliares.

O que dizem os acusados?

Paulo Roberto Moliterno Da Costa, Marcelo José De Sousa, e Paulo Fontenele Figueira, são representados pelo mesmo escritório de advocacia no caso. Em nota, a defesa nega qualquer irregularidade dos clientes.

Veja o quediz a nota:

“O inquérito policial nº 213/2022-02ª DP é fruto de uma denúncia apócrifa e inconsistente, na qual sacerdotes ilibados na condução da Capelania foram vítimas de uma grave acusação.”

“Todos os esclarecimentos sobre o caso foram apresentados para a autoridade policial e as informações se encontram aptas a serem confirmadas. Os sacerdotes apontados como envolvidos realizaram suas declarações e reforçam a inexistência de qualquer irregularidade na condução da Capelania.”

“Os livros de comprovação dos dízimos e valores recebidos na Capelania são auditados nos seus recolhimentos. Os contratos e comprovantes de pagamentos das empresas que prestaram serviços no local se encontram arquivados na paróquia, à disposição das autoridades competentes.”

“Todas as informações foram apresentadas de forma tempestiva e voluntária para a autoridade policial e os documentos físicos se encontram aptos a serem investigados para ratificar toda a lisura na gestão da paróquia.”

“Além disso, a denúncia anônima se arrasta desde 2023, sem apontar nenhum tipo de prova das graves alegações e o inquérito policial não apresenta indícios de equívoco ou má condução da administração da Capelania.”

“Assim, há de respeitar o nome daqueles que se dedicam, com profissão de fé, a evangelizar e serem exemplos para a sociedade”.

O que diz o Exército?

O Centro de Comunicação Social do Exército informou que o assunto em questão está em processo de investigação por parte da Polícia Civil do Distrito Federal e que “não se manifesta sobre processos apuratórios conduzidos por outros órgãos, pois esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”.

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