Ex-presidiário manteve mesma equipe que participava de reuniões e sabia de toda roubalheira porque?
Por Victório Dell Pyrro
Se depender do presidente da República, o ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o INSS continuará sendo um grande buffet de fraudes.
A mais recente cereja nesse bolo azedo é a revelação de uma reunião fora da agenda entre o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e ninguém menos que Adroaldo da Cunha Portal (PDT), atual número 2 da Previdência Social.
E adivinhe? Todo mundo sabe. Ninguém além da cupula caiu. Ao contrário so subiu. Lula não explicou porque não fez uma limpa no INSS e deixa o grupo de Carlos Lupi lá. Porque o Planalto mantém tudo como está?. Afinal, por que demitir culpados quando se pode apenas ignorá-los?

Quem é o “Careca do INSS”?
Antunes não é um personagem de novela das oito — mas poderia ser, dada a trama mirabolante. Apontado pela Polícia Federal como operador de um esquema que desviou quase R$ 54 milhões dos aposentados brasileiros, ele seria uma espécie de “Pix ambulante” entre entidades associativas e servidores do INSS. Sua função? Viabilizar descontos indevidos nas aposentadorias e pensões, em nome de serviços que nunca existiram. Um verdadeiro empreendedor da fraude — ou, como diria o governo, um “agente de articulação”.
A Reunião Fora da Agenda com o n°2 da Previdência
Pois é. Já em plena crise de credibilidade do INSS, quem apareceu para uma visita informal a Adroaldo da Cunha Portal (PDT) é justamente o Careca, acompanhado de um representante de uma empresa de empréstimos consignados — aquele setor que só falta vender ração para aposentado financiar em 48 vezes. A reunião, claro, não foi registrada na agenda oficial, porque, no Brasil, quanto mais sombra, melhor. Transparência? Só se for no vidro escurecido do carro.
À época, Adroaldo Portal era secretário do Regime Geral de Previdência Social do ministério então comandado por seu correligionário Carlos Lupi (PDT). A secretaria tem uma função primordial na supervisão e orientação da concessão de benefícios previdenciários. Além disso, tem papel importante na regulação de normas e na articulação com outros órgãos e entidades para assegurar que a legislação esteja sempre atualizada.
A reunião com o Careca do INSS foi omitida da agenda oficial de Adroaldo Portal, contrariando a legislação atual. A coluna obteve os registros de entrada e de saída do lobista no prédio por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). O Careca do INSS entra às 10h37 e sai 30 minutos depois, às 11h07.
E o presidente da República? Este assiste tudo com a calma de quem acredita que deixar a raposa no galinheiro é uma questão de governabilidade. Afinal, fazer uma “limpa” nos quadros envolvidos ou no mínimo citados no escândalo seria… muito trabalho, né?
O Esquema
A trama segue no roteiro da velha política: associações de fachada aplicando descontos em massa nos benefícios do INSS, sem consentimento dos segurados. Em troca, repassavam comissões generosas para quem ajudava a girar a engrenagem. Segundo a PF, o próprio Careca operava empresas que embolsavam até 27,5% dos valores cobrados indevidamente. Um desconto mais salgado que juros de cartão, com o bônus de ser ilegal.
Tudo isso sob o nariz — e com a conivência — de altos cargos do INSS. Mas para o governo federal, a crise parece não passar de um “deslize administrativo”. E para o presidente, trocar o time seria injusto com os jogadores, mesmo que estejam todos jogando contra.
Repercussões? Só Quando a Imprensa Descobre
A crise só veio à tona depois que a imprensa revelou a reunião. Resultado: o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado (finalmente), e o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, caiu antes que fosse jogado da ponte. Mas e os outros nomes ligados ao esquema? Continuam firmes e fortes. Inclusive o próprio Adroaldo Portal, que deve ter ganhado um prêmio de “melhor anfitrião de lobista” da Esplanada.
A AGU correu para bloquear bens de associações envolvidas — medida digna de palmas, embora tardia. Já os aposentados lesados continuam esperando por ressarcimento… e por um governo que resolva tratar fraude como fraude, e não como erro de planilha.
Enquanto isso, em Brasília…
O presidente segue falndo que vai punir, mas na práticadáprêmioao grupo de Lupi mantendo a galera especialista do partido com a chave do cofre. Talvez esperando que a poeira baixe, que a opinião pública esqueça ou que os culpados desapareçam como os extratos dos benefícios fraudados. Afinal, em tempos decrise, manter tudo como está é quase uma filosofia de governo. E, convenhamos, trocar o elenco de um escândalo no meio da temporada dá trabalho.
Se o cidadão espera por justiça, o Planalto responde com estabilidade. Não a estabilidade que protege o povo, mas a que garante que ninguém perca o cargo — nem mesmo por estender o tapete vermelho e dar colher de chá ao lobby de operador de fraude.

