Levantamento a partir do Censo Demográfico 2022, do IBGE, revela que os venezuelanos ultrapassaram os portugueses e se tornaram o maior grupo de imigrantes residindo no Brasil.
O número de venezuelanos que vivem no Brasil ultrapassou o de portugueses e fez da Venezuela a principal origem de estrangeiros no país, segundo dados Censo de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (27).
Em 2010, havia 2.869 venezuelanos no Brasil. Em 2022, o número saltou para 271.514 – quase 94 vezes mais do que o registrado 12 anos antes. No mesmo período, o total de portugueses caiu de 137.972 para 104.345, uma redução de 24%.
Distribuição por estado
O Censo mostra grande concentração nos estados do Norte, em especial:
Roraima: 124.767 venezuelanos — 46% do total nacional. Na capital Boa Vista e em Pacaraima, eles chegam a representar cerca de 12% da população local .
Região Norte (sem Roraima): inclui Amazonas, Pará e outros, somando o restante da fatia regional (cerca de 46% total no Norte); em Manaus, há registros de campos de acolhimento .
Região Sul: 87.506 venezuelanos residentes — cerca de 32% do total .
Centro-Oeste: estimado em torno de 16.000 venezuelanos, segundo dados de interiorização .
Sudeste, Nordeste e demais: também receberam migrantes venezuelanos, mas em números menores e bastante dispersos — interiorização levou famílias a cidades como São Paulo, Brasília, Goiânia, Curitiba, entre outras .
Contexto nacional
No total, o Brasil abrigava 1.009.341 imigrantes em 2022, o maior número desde 1980 . Após os venezuelanos, vêm os portugueses (104.345), haitianos (aproximadamente 57 mil), bolivianos e paraguaios .
Fluxo recente e políticas públicas
De 2018 a 2022, cerca de 400 mil estrangeiros chegaram, sendo a maioria latino-americanos — especialmente venezuelanos . Em 2024, 194.331 novos migrantes entraram legalmente no Brasil, dos quais 94.726 (~49%) eram venezuelanos. Também foram concedidos 12.726 reconhecimentos de refúgio para cidadãos da Venezuela .
Desafios e integração
A Operação Acolhida, desde 2018, já interiorizou mais de 128 mil venezuelanos em mais de mil cidades brasileiras. Essa política reduziu a concentração em Roraima, mas impôs desafios estruturais para municípios que recebem recém-chegados . Estima-se que 23% dos municípios brasileiros já acomodaram ao menos um imigrante venezuelano .
Estudos da FGV e outros órgãos mostram que a presença venezuelana no mercado de trabalho tem sido neutra ou até levemente positiva, sem elevar taxas de desemprego local .

Tabela resumida: número de venezuelanos por estado/região (2022)
Unidade da Federação/Região População venezuelana
Roraima 124.767
Região Norte (exceto RR) ≈ 46.000+
Região Sul 87.506
Centro-Oeste ≈ 16.000
Sudeste & Nordeste dispersos, total restante
(Os números por estado no Norte, Sudeste e Nordeste não estão detalhados no Censo, mas refletem interiorização distribuída via Operação Acolhida.)
Total de imigrantes no Brasil por nacionalidade de origem (Censo 2022)
Nacionalidade Número de imigrantes
Venezuela 271.514
Portugal 104.345
Bolívia 80.300
Paraguai 58.300
Haiti 57.400
Argentina 42.600
Japão 39.000
Itália 30.200
China 23.800
Estados Unidos 23.300
Espanha 23.100
Outras nacionalidades
Grupos menores totalizam outros 653.984 imigrantes de diversas origens .
Pelos dados do Ministério da Justiça (Sismigra), a comunidade boliviana pode chegar a 140.544 imigrantes registrados até março de 2022 (sem contar os indocumentados) .
📊 Contexto geral
No total, o Brasil contava com 1.009.341 imigrantes (estrangeiros ou naturalizados) em 2022, o maior número desde 1980 .
A maioria dos imigrantes é da América Latina e Caribe — cerca de 646 mil, ou 64% do total .

