A Operação Fraus foi deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (17), com mandados de busca e apreensão espalhados por Rio de Janeiro, Armação dos Búzios, Cabo Frio, São Gonçalo e Casimiro de Abreu.
A operação visa desarticular uma organização criminosa sofisticada que operou por mais de 10 anos, causando um prejuízo estimado em mais de R$ 30 milhões ao INSS .
Estrutura da organização criminosa
Segundo as investigações, o grupo tinha uma estrutura complexa e integrava profissionais com acesso privilegiado aos dados e sistemas do INSS:
Gerentes bancários, servidores públicos, profissionais de correspondência bancária e do setor gráfico formavam a rede operacional .
O esquema era coordenado por um indivíduo conhecido como “Professor” ou “Rei do Benefício”, que orientava os demais membros a executar os golpes via Meu INSS, manipulando requerimentos e reativações de benefícios de forma fraudulenta .
Modalidade das fraudes
O principal foco da quadrilha eram os Benefícios de Prestação Continuada (BPC‑LOAS). As fraudes envolviam requerimentos fictícios, movimentação ilícita de benefícios e venda de cadastros por valores que giravam em torno de R$ 2.500 por benefício. Já os gerentes bancários recebiam cerca de R$ 500 para cada conta criada para saques .
Embora nos últimos seis meses o grupo tenha causado aproximadamente R$ 1,6 milhão em prejuízos, o impacto ao longo de mais de uma década ultrapassa os R$ 30 milhões .
Ampliação do combate: outras operações relacionadas
A Operação Fraus insere-se em um contexto mais amplo de ações recentes da PF contra fraudes no INSS:
A Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril de 2025, investigou cobrança de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões, com prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A operação gerou mandados em 13 estados e resultou no afastamento e na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, além de decisões judiciais para bloqueio de bens e afastamento de servidores .
A Operação Caça ao Tesouro, em 18 de março de 2025, combateu outra organização que atuava com saques ilegais de benefícios, causando um prejuízo de mais de R$ 50 milhões .
Perfil e modus operandi
A Operação Fraus expôs que o grupo criminoso:
Aproveitava-se de falhas de segurança nos sistemas do INSS e na plataforma Meu INSS, acessível a servidores e intermediários;
Contava com a cumplicidade ou cooptação de funcionários públicos e agentes bancários, facilitando abertura de contas e saques sem autorização legítima;
Utilizava uma rede fixa e aprendizados centralizados (treinamentos ou instruções repassadas pelo “Professor”) para garantir escala e repetição dos golpes .
Repercussões e próximos passos
Embora ainda não tenham sido divulgadas prisões ou nomes dos envolvidos, espera-se que a investigação leve a indiciamentos por crimes como estelionato previdenciário, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Até o momento não foram divulgados bloqueios ou sequestro de bens vinculados à Operação Fraus, mas as operações anteriores já resultaram em bloqueio de valores e bens milionários como medida preventiva .
Além disso, a visibilidade desta operação reforça a pressão por novas medidas e ajustes contra fraudes previdenciárias nos órgãos de controle e atendimento.
Resumo geral em quadro
Aspecto Detalhes
Data da Operação 17 de julho de 2025
Local Cidades do Rio de Janeiro e região
Prejuízo estimado Mais de R$ 30 milhões (ao longo de 10 anos)
Atos recentes (6 meses) R$ 1,6 milhão em fraudes operadas
Benefícios alvo BPC‑LOAS (assistenciais)
Perpetradores Servidores públicos, gerentes bancários, correspondentes e “Professor” do esquema
Método Requerimentos falsos via Meu INSS, contrapartida por beneficiários “fantasmas”
Crimes investigados Estelionato previdenciário, organização criminosa, fraude documental, lavagem de dinheiro
Operações correlatas Sem Desconto (R$ 6,3 bi), Caça ao Tesouro (R$ 50 mi)
🔎 Por que esta operação importa?
A Operação Fraus destaca a complexidade e longevidade das fraudes previdenciárias no Brasil, demonstrando:
a articulação entre agentes públicos e privados,
o uso de tecnologia institucional de forma indevida,
e a necessidade de aperfeiçoar controles internos e mecanismos de segurança no INSS.
Com os desdobramentos em curso, espera-se que a investigação fortaleça a responsabilização criminal e permita a recuperação de recursos desviados, além de servir de alerta para reforçar a proteção aos beneficiários legítimos.

