Anderson Hilário é apontado como beneficiário direto do esquema de fraude em concurso público
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, nesta quinta-feira (2), a terceira fase da operação “Reação em Cadeia”, que investiga fraudes no concurso da Polícia Penal do DF.
Entre os presos está o policial penal Anderson Hilário Alves, apontado como beneficiário direto do esquema criminoso e alvo central das investigações.
Ao todo, seis pessoas foram presas, entre elas suspeitos que já ocupavam cargos estratégicos na corporação e outros detidos em Pernambuco, em ações integradas com a polícia daquele estado.
O esquema de fraude e o concurso da Polícia PenalA operação, conduzida pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) do DF com o apoio do Ministério Público do DF e da Diretoria de Inteligência Penitenciária, teve como foco principal o concurso público da Polícia Penal do DF.
A investigação foi iniciada ainda durante o andamento do certame, após o setor de inteligência penitenciária identificar indícios de que candidatos utilizaram meios ilícitos para garantir a aprovação.
Segundo a Polícia Civil, a fraude segue um padrão já conhecido em esquemas de concursos anteriores: grupos organizados obtinham e repassavam gabaritos, utilizavam documentos falsos e técnicas para burlar sistemas de correção, além de simulações no processo de inscrição e avaliação.
O desdobramento da fase atual é resultado da análise de provas apreendidas em dezembro de 2023, quando a segunda fase da operação foi deflagrada .
Prisões, buscas e nomes
Ao todo, seis mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão foram cumpridos no Distrito Federal, Recife e região metropolitana de Pernambuco. No DF, Anderson Hilário Alves foi preso juntamente com outros suspeitos, inclusive pessoas que já haviam tomado posse de cargos públicos estratégicos.
Em Recife, equipes da Draco/PCDF trabalharam integradas com a Polícia Civil pernambucana para localizar e deter os envolvidos.
Além de Anderson Hilário, outros suspeitos ainda não tiveram os nomes divulgados oficialmente devido às investigações em sigilo.
A operação total já conta com 37 indiciados em fases anteriores, que poderão responder por fraude a certame de interesse público, organização criminosa e falsificação de documento público — crimes que somados podem chegar a 20 anos de prisão.
Impacto e histórico do esquema
As investigações revelam que parte dos beneficiários das fraudes chegaram a tomar posse e exercer cargos estratégicos na Polícia Penal do DF. O caso mostrou ramificações semelhantes às já enfrentadas pelo DF em outros concursos – como nos certames do Superior Tribunal de Justiça, Corpo de Bombeiros, Secretarias de Educação e Saúde.
Desde 2015, mais de 100 pessoas já foram indiciadas nestas operações.
O que dizem as autoridades
De acordo com o delegado Paulo Coppi, responsável pelas apurações, as provas apontam para a existência de uma quadrilha especializada, com ações coordenadas e sofisticadas para fraudar concursos. O setor de inteligência prisional atuou em parceria com a polícia judiciária e o Ministério Público para identificar movimentações suspeitas, analisar listas de aprovados e cruzar dados de posse, inscrição e desempenho dos candidatos.
A expectativa é de que novas prisões e descobertas sejam feitas com o aprofundamento da análise de todo o material apreendido, incluindo equipamentos eletrônicos e documentos em busca e apreensão deflagradas nesta etapa.
A terceira fase da operação “Reação em Cadeia” amplia, mais uma vez, o alerta para a vulnerabilidade dos concursos públicos diante da ação de quadrilhas organizadas e reforça a necessidade de rigor na apuração e responsabilização dos envolvidos, para garantir a lisura dos certames e proteger a confiança pública.

