PF deflagra nova fase da Operação Overclean e mira políticos e ex-gestores em quatro estados

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a oitava fase da Operação Overclean, em ação conjunta com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal. Sob autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), os agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em Brasília (DF), São Paulo (SP), Palmas (TO) e Gurupi (TO). O objetivo é desarticular uma organização criminosa responsável por fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.

Entre os alvos desta fase estão Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário extraordinário de Parcerias e Investimentos de Tocantins; Éder Martins Fernandes, ex-secretário-executivo de Educação do mesmo estado; Itallo Moreira de Almeida, ex-diretor da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia; e Luiz Cláudio Freire de Souza França, advogado e atual secretário-geral do partido Podemos. Não foram expedidos mandados de prisão nesta etapa.

As investigações apontam para a prática reiterada de crimes como organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos administrativos, além de lavagem de dinheiro.

Esquema bilionário e oito fases de operação

A Overclean foi deflagrada pela primeira vez em dezembro de 2024, revelando um amplo esquema de corrupção e superfaturamento de contratos públicos. O foco principal tem sido o desvio de emendas parlamentares e recursos federais destinados a obras e programas municipais em diversos estados. Desde então, a operação evoluiu por oito fases sucessivas, atingindo políticos, empresários e servidores públicos.

Na primeira fase, ainda em dezembro de 2024, foram cumpridos 59 mandados judiciais, resultando em 16 prisões na Bahia, São Paulo e Goiás. Entre os detidos estavam empresários, políticos e servidores acusados de desviar cerca de R$ 1,4 bilhão em contratos superfaturados com órgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Um dos principais alvos foi o empresário José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”.

A segunda fase, também em dezembro, atingiu o vice-prefeito de Lauro de Freitas (BA), Vidigal Cafezeiro, e outros suspeitos de desvio de verbas públicas. Já na terceira fase, em abril de 2025, a PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão, entre eles contra o próprio “Rei do Lixo” e o então secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral.

A quarta fase, em junho, avançou sobre políticos baianos, como o deputado federal Félix Mendonça (PDT), e resultou na apreensão de R$ 3,2 milhões em espécie. Na quinta, em julho, o foco se voltou para o uso irregular de emendas ligadas ao deputado federal Elmar Nascimento.

Nas fases mais recentes, a operação mirou novos núcleos do esquema na Bahia, envolvendo o deputado federal Dal Barreto — que teve o celular apreendido — e prefeitos como Dr. João Vítor, afastado em Riacho de Santana, e Gabriel de Parisio, preso em Wenceslau Guimarães.

Agora, na oitava fase, as apurações se concentram em desvios e fraudes detectados no Tocantins e em cidades de São Paulo. Segundo a PF, foram encontradas planilhas com mais de cem nomes e codinomes ligados à rede criminosa, que teria movimentado cifras milionárias provenientes de recursos federais. O modus operandi incluía o direcionamento de licitações, a criação de empresas de fachada e o superfaturamento de contratos, com posterior lavagem dos valores desviados.

A Operação Overclean continua em andamento, e novas fases não estão descartadas. Investigadores avaliam que a estrutura criminosa pode ter ramificações em ao menos oito estados e envolver uma sofisticada teia de políticos, empresários e operadores financeiros que transformaram o desvio de recursos públicos em um modelo de negócio.


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