Hacker da Lava Jato que baseou decisões do STF, falsificou alvarás para soltar criminosos, entre eles, um condenado a mais de 200 anos

Hacker e falsificador baseou decisões do STF contra a Operação Lava Jato, invadiu sistema da Justiça para beneficiar integrantes de facções

O hacker Walter Delgatti, que baseou as decisões do (STF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) para aniquilar a Operação Lava Jato e falsificou mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu falsos alvarás no sistema da Justiça Federal.

Entre os alvarás inseridos no sistema eletrônico da Justiça, está o de um criminoso condenado a mais de 200 anos de prisão que quase saiu pela porta da frente do presídio, com a falsificação de Delgatti.

Delgatti também incluiu alvará para a soltura de três outros presos no Distrito Federal. O Tribunal de Justiça do DF ainda não detalhou se os presos foram soltos ou não.

Condenado a prisão por crimes como homicídios e tráfico internacional de drogas e apontado como um dos chefões do CV em Mato Grosso, Sandro Silva Rabelo, o “Sandro Louco”, por pouco não foi solto da cadeia em 2023 com o alvará de soltura falso, emitido por Walter Delgatti, conhecido como o hacker da “Vaza Jato”.

Com credenciais adulteradas e a partir do perfil falso de um magistrado, Delgatti, no dia 5 de janeiro de 2023, emitiu um falso alvará de soltura concedendo liberdade a Sandro Louco, como se o ato fosse executado pelo juiz Leonardo de Campos Costa e Silva Pitaluga, que atua na 2ª Vara Criminal de Cuiabá.

A Justiça doDF não informou quais credenciais foram utilizadas pelo falsificador da Lava Jato para emitir a soltura dos presos da Papuda.

“Não obstante terem sido gerados no âmbito do sistema competente, o conteúdo é falso, já que não houve o prévio regular procedimento interno, nem a assinatura real da autoridade competente”, disse a PGR.

As informações constam em denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que denunciou Delgatti e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pela também invasão do site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Zambelli foi denunciada como mandante deste crime.

Como a Lava Jato foi desmontada pelo STF e PGR?

O STF decidiu que o ex-juiz Sergio Moro, atual senador pelo Paraná, teria atuado com parcialidade ao julgar Lula na Operação Lava Jato e anulou as duas condenações do petista por corrupção com ocultação de bens, o triplex do Guarujá e o Sítio de Atibaia, seguindo o relator do processo, Edson Fachin.

As decisões do STF, baseadas em informações repassadas pelo falsificador Walter Delgatti com a intermediação da ex-deputada federal Manuela d’Ávila do Partido Comunista do Brasil (PCdoB-RS) permitiram que o petista retomasse seus direitos políticos e disputasse a eleição presidencial de outubro de 2022.

Os processos contra Lula teriam de ser refeitos na Justiça Federal do Distrito Federal e as provas produzidas pela Polícia Federal, Receita Federal, Coaf e Ministério Público Federal, quando Sérgio Moro era juiz dos casos se perderam, já que os crimes de Lula prescreveram por demora na justiça em Brasília.

Isso tudo aconteceu depois que a conduta de Sérgio Moro foi considerada suspeita pelo STF, com base no material produzido e que estava sendo vendido para a esquerda brasileira pelo falsificador Delgatti.

Em agosto do ano passado (2023) Delgatti foi condenado a pena de 20 anos e 1 mês de prisão. O juiz da sentença foi Ricardo Augusto Soares Leites, que atua como substituto na Operação Spoofing, voltada ao vazamento de conversas de autoridades ligadas à Operação Lava Jato.

A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões”, declarou o juiz. Soares Leites também afirmou que Delgatti tentou negociar a venda do material hackeado por ele para a imprensa, no valor de R$ 200 mil.

O site The Intercept e Manuela D’Avila negam terem repassado esse valor ao falsificador. Lula segue solto. É presidente da República. Seus crimes prescreveram. Delgatti continuou praticando falsificações e invasões na Internet, até ser preso na investigação que apura suspeita de que ele foi pago pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas eletrônicos do poder Judiciário.

Quais são as penas para o crime de invasão de dispositivo eletrônico?

O crime de invasão de dispositivo tem pena de detenção, de 3 meses a um ano, e multa. A PGR pede que essa pena seja aumentada de 1/6 a 1/3 do tempo, já que, por causa das invasões, os sistemas ficaram indisponíveis, gerando falta de produtividade e custos de revisão de protocolos.

Já o crime de falsidade ideológica pode levar a até cinco anos de prisão. A coautoria prevê que quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

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