Embraer ameaçada duramente com tarifa de 50% imposta por Trump, dizem analistas

Vendas de aeronaves para os EUA representam 60% da produção brasileira

A imposição de tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode representar um dos maiores desafios recentes para a Embraer, fabricante brasileira de aeronaves.

Segundo analistas de mercado, a Embraer está entre as empresas que mais devem sentir os impactos da medida.

As ações da Embraer despencaram mais de 8% nesta quinta-feira (10/7), em reação ao tarifaço anunciado na véspera pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano determinou uma alíquota de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, em um movimento que surpreendeu o governo brasileiro e provocou forte instabilidade no mercado financeiro.

Por volta das 10h30, os papéis da fabricante de aeronaves recuavam 5,57%, cotados a R$ 73,85, com mínima de R$ 71,63, queda de 8,41%. A Embraer figurava entre as maiores perdas do Ibovespa, que registrava recuo de 0,95% no mesmo horário.

A nova tarifa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, atinge em cheio o setor aéreo e, particularmente, a Embraer, que tem nos Estados Unidos seu maior mercado. De acordo com o Bradesco BBI, aproximadamente 60% da receita da Embraer depende do mercado norte-americano. Essa exposição torna a companhia especialmente vulnerável a barreiras comerciais.

No segmento de jatos executivos, os modelos Phenom e Praetor são fortemente afetados. Cerca de 40% dos Phenom e 60% dos Praetor possuem conteúdo produzido no Brasil, mesmo com parte da montagem sendo feita em solo americano. Isso significa que essas aeronaves podem ser taxadas mesmo parcialmente produzidas nos EUA, dependendo da interpretação das regras de origem.

A estimativa de analistas do Bradesco BBI é que a tarifa possa provocar uma perda de até US$ 220 milhões no lucro operacional (EBIT) da Embraer em 2025. Isso representa cerca de 35% do lucro previsto para o ano. A XP Investimentos calcula que o impacto nos custos da empresa poderia reduzir as margens operacionais em até seis pontos percentuais, dependendo da extensão da tarifa sobre os produtos da companhia.

Em nota à imprensa, a Embraer já havia afirmado que medidas tarifárias ampliam a complexidade da produção e elevam os custos operacionais, tanto para a empresa quanto para seus clientes norte-americanos. A preocupação é que o aumento no preço final possa comprometer a competitividade de seus jatos em relação a concorrentes internacionais.

No segundo trimestre de 2025, a Embraer entregou 61 aeronaves, um crescimento de 30% em comparação ao mesmo período de 2024. As projeções para o ano incluem entre 77 e 85 aeronaves no segmento de aviação comercial, e entre 145 e 155 na aviação executiva. A carteira de pedidos firmes da companhia está estimada em US$ 26 bilhões. Um dos contratos mais recentes envolve a venda de 55 jatos E195-E2 para a Scandinavian Airlines, avaliados em cerca de US$ 4 bilhões.

Apesar do cenário desfavorável, algumas casas de análise ainda enxergam valor na Embraer. O Morgan Stanley manteve a recomendação de compra das ações da empresa, com preço-alvo de US$ 65, mesmo considerando um impacto potencial de até US$ 400 milhões no EBIT anualizado. Já a XP recomendou cautela e adotou uma postura neutra em relação ao papel.

Caso a tarifa seja mantida e aplicada integralmente, os custos adicionais poderão corroer até 60% do lucro operacional estimado para 2026, segundo algumas análises. A empresa, por sua vez, aposta em estratégias como a ampliação da produção local nos Estados Unidos, ajustes de preços e revisão de contratos de pós-venda para mitigar os efeitos.

Enquanto isso, o governo brasileiro ainda não anunciou uma resposta formal à medida. Analistas apontam que, além do impacto econômico direto, o “tarifaço” reacende tensões diplomáticas entre os dois países, especialmente em um momento de reorganização das cadeias globais de fornecimento e crescente rivalidade geopolítica entre potências.

Trump deixou claro na carta escrita a Lula que a perseguição do govefno brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro é uma das causas da aplicação da tarifa retaliativa.


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