União Brasil dá 24 horas para filiados deixarem cargos no governo sob pena de punição

Partido comanda o Ministério do Turismo, com Celso Sabino (União-PA), e ocupa cargos em diversos órgãos

O União Brasil divulgou nesta quinta-feira (18) uma nota em que afirma ter dado prazo de 24 horas para que os filiados ao partido deixem os cargos em comissão que ocupam no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O União Brasil anunciou que todos os filiados que ocupam cargos públicos de livre nomeação e exoneração no governo federal, devem deixar suas posições no prazo máximo de 24 horas.

A medida foi confirmada por uma resolução unânime da Comissão Executiva Nacional do partido, sob pena de punição por infidelidade partidária.

Atualmente, o União Brasil mantém no governo três ministros: Celso Sabino, do Ministério do Turismo, é o quadro com cargo mais alto ligado diretamente ao partido; Waldez Góes, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, e Frederico de Siqueira, do Ministério das Comunicações, esses dois últimos indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), uma das principais lideranças da legenda, embora Waldez Góes seja filiado ao PDT.

A resolução determina que os filiados também deixem cargos de confiança e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista ligadas à administração direta ou indireta da União.

A decisão do partido reforça o desembarque oficial do governo que foi formalizado no início de setembro junto com o Progressistas (PP), partido este que, em federação com o União Brasil, forma a maior bancada da Câmara dos Deputados e a segunda maior do Senado.

O presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, que recentemente foi alvo de reportagem que o relacionou a investigações da Polícia Federal envolvendo o PCC, se posicionou com a cúpula do partido afirmando que a determinação de saída dos cargos é um movimento legítimo e amplamente debatido nas instâncias partidárias.

A nota também ressaltou suspeitas de que as acusações a Rueda seriam um uso político para enfraquecer o partido, que claramente adotou posição contrária ao governo Lula.

Outro nome relevante afetado pela saída do governo é o ministro do Esporte, André Fufuca (Progressistas), que também recebeu prazo para deixar o cargo.

Apesar da pressão, tanto Sabino quanto Fufuca resistiram inicialmente, mas os dirigentes do União Brasil e PP formalizaram reuniões para pressionar a saída, lideradas por Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP), dirigente que já vinha pedindo o desembarque do ministro do Esporte.

A decisão política do União Brasil de exigir a saída de seus filiados do governo Lula está ligada a uma tentativa de preservar a “independência partidária” e ampliar a dissidência pública em relação à gestão petista, apontando para uma estratégia de oposição mais clara às políticas do governo federal, com vistas às eleições de 2026.

A medida é vista também como um reforço ao afastamento de influência do governo na estrutura partidária e nas bases de poder que o União Brasil conquista junto à máquina federal.

Além dos três ministérios, o União Brasil controla cargos estratégicos em estatais como Correios e Codevasf, e mantém influência em várias outras instâncias da administração pública.


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