Esquema de venda de combustíveis adulterados e exploração de jogos de azar, tem participação da facção PCC e banco
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagrou na manhã desta quinta-feira (25), a Operação Spare, que cumpre 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos de Jordão e Osasco.
A ação investiga um forte esquema de exploração de jogos de azar e venda de combustíveis adulterados, que usava uma fintech para lavar dinheiro.
Alvos:
Flávio Silvério Siqueira — apontado como principal responsável por coordenar o esquema de lavagem de dinheiro e uma rede de “laranjas”, envolvendo postos de combustíveis, casas de jogos de azar.
Eduardo Silvério — filho de Flávio, apontado como parte do esquema.
Sharon Nogueira Siqueira — esposa de Flávio, a mulher tem parentes com contas bancárias que estariam sendo usadas para movimentação de valores.
Stefania Cusumano Pereira — esposa de Wilson Pereira Júnior, também ligado a Flávio, atual proprietário de postos de gasolina envolvidos no esquema. Importante integrante da organização criminosa.
Maurício Soares de Oliveira — figura como proprietário de uma grande rede de cosméticos. Foi alvo de diversas comunicações do Coaf apontando que 100% de seus recursos provêm de depósitos em espécie. Seria utilizado por Flávio como laranja para simular transações bancárias e justificar aumento patrimonial.
João Martinho do Carmo Crespim — figura como administrador da BK Bank, apontado como laranja. As empresas envolvidas no esquema usavam a fintech para ocultar patrimônio.
Tatiana Aparecida Crispim — esposa de João Martinho, também figura como administradora da BK Bank e é apontada como laranja.
Valdir de Souza Vicente — sócio de empresa de postos apontado como laranja.
Rodrigo Cavarzere dos Santos — figurou como sócio de empresa de hotelaria ligada a Adriana, apontado como laranja.
Wagner dos Santos — figurou como sócio de hotelaria ligada a Eduardo e é apontado como laranja.
Reinaldo Bezerra e Catarina Corregliano Bezerra — casal que vendeu postos de gasolina a Wilson Pereira Júnior.Alex Batista — sócio de postos de gasolina e outras empresas, suposto laranja.
Alex Batista — sócio de postos de gasolina e outras empresas, suposto laranja.
João Muniz Leite — contador de Flávio Silvério, responsável por justificar o grande aumento patrimonial do investigado.
Camila Cristina de Moura Silva — exercia função de confiança no Bk Bank.
Danilo Augusto Tonin Elena — assumiu BK Bank no lugar de Mário Luiz. É o atal responsável.
Mário Luiz Gabriel Gardin — criador da fintech BK Bank.
Marcelo Dias de Moraes — apontado como principal responsável por operações da BK Bank, apesar de não figurar entre os quadros da fintech.
Não tiveram o papel detalhado pelo MPSP, mas são alvos na operaçãode hoje:
Leonardo Silvério, Ariana Siqueira de Oliveira, Suelen Ramos Santos, Felipe Teles de Oliveira Souza, Lucas Rodrigues Pegoraro, Rosangela Ferreira de Aquino, Gilberto Lauriano Júnior e Caio Henrique Hyppolito Galvani.
O MPSP identificou uma complexa rede de pessoas físicas e jurídicas envolvidas na movimentação dos valores ilícitos. Também foram constatados vínculos com empresas do ramo hoteleiro, postos de combustíveis e instituições de pagamento que mantinham uma contabilidade paralela, dificultando o rastreamento dos recursos.
A fintech por onde a organização criminosa movimenta milhões de reais seria a BK Bank, a mesma utilizada pelos alvos da Operação Carbono Oculto, que apontou um esquema colocado em prática por organizações criminosas investigadas de participação fraudulenta no setor de combustível, com infiltração de integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo as investigações, o chefe do esquema de venda de combustíveis adulterados é o empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, suspeito há anos de lavar dinheiro do crime organizado por meio justamente de postos de combustíveis, além de pessoas associadas a ele.
A Receita diz que identificou ao menos 267 postos ainda ativos que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais – o equivalente a 0,1% do total movimentado, percentual muito abaixo da média do setor.

Também foram identificadas administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.
A Receita diz que também detectou um padrão de retificação de declarações de Imposto de Renda dos envolvidos. São declarações antigas e recentes que eram retificadas no mesmo dia, com inclusão de altos valores na ficha de bens e direitos da declaração mais antiga – próxima à decadência – sem a correspondente inclusão de rendimentos e pagamento de imposto, o que configura mais uma tentativa espúria de indicar origem para patrimônio adquirido com recursos sem origem e não tributados.
“Usando desse artifício, membros da família do principal alvo aumentaram seu patrimônio informado de forma irregular em cerca de R$ 120 milhões (valores atualizados)”, disse o órgão.
As operações imobiliárias realizadas pelos CNPJs de motéis vinculados a integrantes da organização criminosa também chamaram a atenção dos investigadores.
Um dos CNPJs adquiriu um imóvel de R$ 1,8 milhão em 2021; outro comprou um imóvel de R$ 5 milhões em 2023.
Além de motéis, o grupo operava com lojas de franquias e até empreendimentos na construção civil.

