O presidente do diretório do PT de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, afirmou que o partido ainda se reunirá para discutir o caso da influenciadora Aline Bardy Dutra, conhecida como Esquerdogata. De acordo com o dirigente local Edson Fidelino, no entanto, a legenda não vai “crucificar ninguém” e dará amplo direito de defesa a Aline.
Filiada ao PT desde 2022, a produtora de conteúdo foi presa na madrugada do último sábado (24), após ter desacatado policiais militares. O motivo da abordagem, segundo um dos policiais, seria o fato de ela ter cometido injúria racial contra um dos agentes.
“Vamos dar para ela o que daríamos para qualquer outra pessoa. Para qualquer outro filiado do partido que cometa alguma falha ou coisa parecida, a gente vai dar as mesmas oportunidades. Não estamos aqui para crucificar ninguém”, disse Fidelino
Segundo o petista, embora o partido reprove a atitude da filiada, a discussão sobre uma possível punição contra a influenciadora não será feita com pressa e ainda não há um prazo para uma definição.
“Até porque ninguém vai fazer nada correndo. [Mesmo que] as pessoas queiram alguma resposta. Nós não temos que dar resposta para ninguém. Quem responde sobre os atos dela é ela mesma. O partido vai seguir os ritos normais, com calma, com tranquilidade e paciência, dando a ela todo o direito à ampla defesa e ao contraditório”, disse.
Interação com lideranças
Esquerdogata já teve encontros e interações com lideranças do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas quais foi elogiada por sua atuação no ambiente digital.
Em seu perfil no Instagram, onde tem mais de 800 mil seguidores, a influenciadora aparece em conversas com parlamentares petistas, como o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, e o deputado Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara dos Deputados.
Em dois vídeos, postados em fevereiro deste ano, Aline interage com Randolfe e com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmanm, à época presidente nacional do PT. No encontro, o senador faz elogios ao trabalho da influenciadora em defesa do governo nas redes sociais.
“Essa aqui é a nossa trincheira digital. Temos que dar valor a elas e total valor a esse povo, que segue em frente e segura o rojão. Em uma sociedade algorítmica, temos que ficar muito vinculados a esse povo e agradecer a defesa que eles fazem pela democracia e contra o fascismo”, diz o senador, enquanto abraça a influenciadora. “Que moral, na guerra sempre”, reage Aline.
A influenciadora ainda aparece cantando a música “Apesar de Você”, canção de Chico Buarque símbolo da resistência contra a ditadura militar, junto com Gleisi e Randolfe.
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Outra publicação, feita em 4 de setembro, mostra a Esquerdogata conversando com o deputado Lindbergh Farias sobre o projeto da Anistia, que à época era objeto de pressão de deputados bolsonaristas para que tivesse a urgência pautada.
“Depois que a gente começou a fazer umas collabs, as pessoas estão muito preocupadas com essa pauta, com esse projeto de anistia. Qual que é a chance disso acontecer? (0:14) Daí o que eu fiz? Vim bater na porta de quem sabe responder”, afirma Aline.
“Parabéns pelo trabalho”, fala Lindbergh antes de entrar no assunto da conversa.
O crime racial cometido pela petista aconteceu quando a influenciadora, que estava em um bar, avistou os PMs concluindo uma ação de fiscalização e se aproximou deles, com o celular em mãos. Ao se aproximar, ela teria afirmado a um policial: “Um preto querendo foder outro preto”.
De acordo ainda com a defesa de Aline, ela sofre de alcoolismo e vai buscar tratamento.



