MST invade terras Brasil afora e cobra governo no que batizaram de ‘abril vermelho’

Em Goiás, propriedade ocupada virou assentamento e ganhou o nome de Dona Lindú, mãe do presidente Lula; áreas da Embrapa e Codevasf também são alvos

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( MST ) invadiu uma série de propriedades entre domingo e esta segunda-feira (15) dando continuidade ao “abril vermelho”.

O mês é o escolhido como o período em que o grupo faz essas ocupações em protesto contra as políticas de reforma agrária do governo.

Nesta segunda-feira (15), integrantes do movimento fizeram acampamento com 400 famílias na propriedade Sítio Novo, em Itaberaí, em Goiás.

O MST informou que esse acampamento foi batizado de Dona Lindú, em homenagem à mãe do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).

No domingo, os sem-terra voltaram a invadir, pela terceira vez, uma área da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Petrolina, Pernambuco. A ocupação nessa terra, no ano passado, abriu uma crise entre o movimento e o governo. Houve invasão também numa área da Codevasf (Companhia Nacional dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) no mesmo estado.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) anunciou, por meio de nota, que invadiu nesta segunda-feira áreas nos estados do Ceará, Goiás, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A ação se soma a outras duas áreas invadidas no domingo (14) em Petrolina (PE) e uma área invadida na semana passada em Itabela, no extremo sul da Bahia.

Um dos coordenadores nacionais do MST, Jaime Amorim afirmou, em vídeo divulgado pelo movimento, que o governo Lula não cumpriu acordo em desapropriar aquela área, que teria compromisso em assentar 1.316 famílias, de acordo com ele.

“Foram mais de 17 pontos acertados e nenhum foi cumprido. Então voltamos para a Embrapa. É muita irresponsabilidade como estão tratando a reforma agrária”, afirmou Amorim.

Segundo o MST, pelo menos outras duas ocupações ocorrem nesta segunda-feira. Cerca de 200 famílias, segundo o MST, ocuparam a Fazenda Mariana, em Campinas (SP). A área de aproximadamente 200 hectares é administrada por uma empresa do setor imobiliário. “Improdutiva, está tomada por pastagem degradada e há anos não cumpre sua função social”, diz o movimento.

Essas invasões fazem parte da Jornada Nacional de Lutas em memória ao Massacre de Eldorado do Carajás, no Pará, onde ocorreu em 17 de abril de 1996 a morte de 21 camponeses. O lema deste ano do movimento é “Ocupar para o Brasil alimentar”.

No Planalto Central, ocorre outra ocupação. Cerca mil famílias do Distrito Federal e Entorno ocuparam, na madrugada desta segunda, uma área falida de 8 mil hectares da usina CBB, em Vila Boa de Goiás.

No dia 10, o MST invadiu uma área federal na Bahia, e governador do estado, que é petista foi à marcha do movimento para apaziguar ânimos.

A ocupação ocorreu em Itabela, no Sul do estado, sob a alegação de ser improdutiva; gestão do governo Lula afirmou que a propriedade abriga estação de zootecnia da Ceplac, vinculada ao Ministério da Agricultura.

No dia 8 de março o MST anunciou que, cerca de 500 famílias invadiram a fazenda “Aroeiras”, em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). A ação foi coordenada pelas trabalhadoras rurais por conta do Dia das Mulheres.

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