Roberto Zampieri foi executado com 10 tiros em Cuiabá, em 2023 e levou a descoberta de esquema de venda de sentenças no estado e no Superior Tribunal de Justiça
Cinco suspeitos foram presos nesta quarta-feira (28) em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais em uma ação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin sobre assassinato e venda de sentenças.
A investigação da Polícia Federal sobre a morte do advogado Roberto Zampieri em Cuiabá (MT), em 2023, levou à descoberta de uma organização criminosa envolvida com espionagem e assassinatos sob encomenda – e com a participação de militares ativos e da reserva.
O advogado Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros em frente ao escritório dele, em dezembro de 2023.
Ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro, e fugiu em seguida. Segundo a Polícia Militar, o advogado saía do escritório que trabalhava quando o crime aconteceu.
O delegado da Polícia Civil, Nilson Farias, disse que o atirador aguardava o advogado na frente do escritório e que a vítima tinha um veículo blindado há mais de 5 anos.
A investigação do assassinato levou, também, à descoberta de um suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e no Super
ior Tribunal de Justiça (STJ).
O grupo criminoso, de acordo com a PF, se autodenominava “Comando C4” – ou “Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
Havia até tabelas impressas com o “preço” de cada assassinato, a depender da “função” de cada vítima:
“figuras normais”: R$ 50 mil
deputados: R$ 100 mil
senadores: R$ 150 mil
ministros / judiciário: R$ 250 mil
As informações ainda não permitem saber se alvos desses cargos foram, de fato, espionados – ou se a tabela era apenas uma “previsão”, segundo as autoridades.
O planejamento previa, ainda, locação de imóveis e “utilização de garotas e garotos de programas como iscas”.
Há, também, menção ao uso de perucas e bigodes como disfarce, e o acionamento de dois drones.
O grupo listou também materiais e veículos que poderiam ser acionados nas operações:
5 fuzis de “snipper” (sic) com silenciador;
15 pistolas com silenciador;
munição;
lança-rojão tipo AT 34 de ombro;
minas magnética e explosivos com detonação remota;
5 veículos Doblò usados;
5 carros pequenos/médios;
placas frias.
Parte dessas armas foi apreendida nesta quarta em um endereço em Minas Gerais.

Foram presos nesta quarta:
- Aníbal Manoel Laurindo (produtor rural, suposto mandante);
- Coronel Luiz Cacadini (suposto financiador);
- Antônio Gomes da Silva (suposto atirador);
- Hedilerson Barbosa (suposto intermediador, auxiliar do atirador e dono da pistola 9mm usada no assassinato)
- Gilberto Louzada da Silva.
Essas funções de “mandante”, “financiador”, “atirador” e “intermediador” foram atribuídas aos suspeitos pela Polícia Civil de Mato Grosso, ao indiciar o grupo em 2024.
Nos documentos desta nova fase da operação, a Polícia Federal corrobora os indiciamentos da Polícia Civil.
Segundo a PF, Aníbal Manoel Laurindo ordenou o assassinato em razão de uma disputa judicial envolvendo terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões no Mato Grosso.
Além das cinco ordens de prisão, há ainda ordens de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão.
O STF também autorizou medidas cautelares contra esses alvos que não devem ser presos – recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e ordem para entrega dos passaportes.

