Novas restrições dos EUA se aplicam a cidadãos de países que já estavam sujeitos a uma proibição parcial de viagem em junho
O governo Trump suspendeu, em 2 de dezembro de 2025, o processamento de todos os pedidos de imigração – inclusive green cards e naturalização – feitos por cidadãos de 19 países não europeus já submetidos a um “banimento parcial” desde junho.
A medida foi anunciada pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) por meio de um memorando interno da agência de imigração (USCIS) e apresentada como resposta a “preocupações de segurança nacional e ordem pública”. [4][3]
Quando foi e o que abrange
O novo bloqueio entrou em vigor imediatamente após o anúncio de 2 de dezembro de 2025 e atinge todos os pedidos em análise de residência permanente, cidadania e outros benefícios migratórios de pessoas desses 19 países.
O memorando determina que os casos já protocolados sejam congelados e submetidos a uma “reavaliação completa”, com possível nova entrevista, antes de qualquer decisão ser retomada.
Quais são os 19 países
A lista reúne países já alvo do “travel ban” de junho de 2025, que havia imposto proibição total ou parcial de entrada de seus cidadãos nos EUA.
Entre os afetados estão Afeganistão, Burundi, Chade, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Iêmen, Líbia, Mianmar (Burma), Somália, Sudão, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão, Venezuela e Cuba.
Justificativas oficiais e discurso político
O DHS afirma que muitos desses países teriam “falhas graves de checagem e compartilhamento de informações, altas taxas de overstay de vistos e resistência em aceitar deportados”, repetindo os argumentos usados para o banimento de viagens em junho.
Em rede social, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, disse ter recomendado a Trump a “proibição total de entrada dos cidadãos de cada país” que, segundo ela, teriam “inundado a nação com assassinos, sanguessugas e viciados em assistência social”, linguagem que gerou forte reação de entidades de direitos humanos.
Em manifestações públicas, Trump tem citado especialmente a Somália, chamando imigrantes do país de “lixo” e dizendo que “não os queremos em nosso país”.
Contexto: travel ban e nova escalada
A suspensão dos pedidos de imigração é um desdobramento do decreto de 4 de junho de 2025, que já havia limitado ou proibido a entrada de cidadãos desses 19 países sob o argumento de risco terrorista e falhas de cooperação consular. Dias antes do anúncio de dezembro, Trump já vinha prometendo uma “pausa permanente” da imigração de países que descreve genericamente como “do Terceiro Mundo”, após um ataque em Washington atribuído a um afegão que entrou nos EUA em 2021 e obteve asilo em 2025.
Dados de deportação no segundo governo Trump
Desde que retornou à Casa Branca, em janeiro de 2025, Trump ampliou significativamente as operações de remoção de imigrantes irregulares.
Até o fim de agosto de 2025, o ICE já havia deportado quase 200 mil pessoas em sete meses, e o governo contabilizava cerca de 350 mil remoções no total ao somar deportações realizadas por outras agências e casos de “autodeportação”.
Levantamentos independentes apontam que, considerando o ano fiscal 2025, as deportações podem superar 300 mil, patamar próximo ao pico registrado em 2014 no governo Barack Obama.
A administração fala em chegar a 1 milhão de deportações anuais e a mais de 2 milhões de saídas até o fim do mandato, somando expulsões formais e partidas voluntárias sob pressão.
Reações e impactos esperados
Organizações pró-imigrantes e especialistas em migração afirmam que a nova suspensão agrava a insegurança jurídica de milhares de pessoas que já viviam nos EUA de forma regular ou aguardavam decisões há anos.
Países atingidos, como Irã, Somália e Venezuela, acusam Washington de discriminação política e religiosa e prometem levar o caso a fóruns internacionais, enquanto governos aliados da Europa evitam endossar abertamente a medida, embora alguns apoiem restrições migratórias mais duras.
Para os defensores da política na administração Trump, porém, o congelamento dos pedidos de 19 países é apresentado como etapa central de uma estratégia de “endurecimento total” do sistema migratório, em combinação com fronteira praticamente fechada a novos pedidos de asilo, queda drástica em concessões de refúgio e aumento recorde de detenções em centros de imigração.



